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Bem gelada

Bombardeio de cerveja

A curiosa história dos Spitfire que transportavam cerveja para as tropas na Normandia


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A cerveja está entre as bebidas mais populares do mundo, atrás apenas do café e do chá. Com sabores e texturas para todos os paladares, a cerveja é degustada nas mais variadas ocasiões, inclusive na guerra.

Quem já assistiu documentários ou filmes sobre os recentes conflitos no Iraque ou no Afeganistão pode comprovar que a icônica "Bud" é presença quase constante entre as tropas norte-americanas. Se hoje a logística permite transportar milhares de latas de um lado para outro do mundo, na Segunda Guerra Mundial, a estratégia para manter os soldados com moral alto era um pouco mais complexa, e exigia uma boa dose de criatividade.

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Os britânicos, um dos maiores apreciadores da cerveja no mundo, mantiveram um abastecimento constante da bebida para as tropas no front. Entre as muitas alternativas empregadas esteve o transporte de barris por aviões Spitfire! Sim, você leu certo. Os britânicos utilizaram o heroico caça também para transportar a bebida para as tropas no continente europeu.

A ideia pouco ortodoxa surgiu logo após o Dia-D, quando a cadeia logística aliada estava completamente ocupada tentando manter o envio ininterrupto de suprimentos vitais para as tropas que avançavam sobre as posições inimigas. Com alguma sorte era possível obter vinho dos moradores dos vilarejos franceses, mas com a guerra se arrastando por vários anos o estoque de qualquer coisa era cada vez mais escasso.


Abastecimento de um tanque de combustível, Mod. XXX, externo com cerveja (acima); barris recebem cone aerodinâmico para transporte sob as asas.

Foi então que surgiu uma mente brilhante entre os membros da Força Aérea Real Britânica, a Royal Air Force (RAF), a qual acabara de receber seus novos Spitfire Mk IX, que contavam com pontos duros sob as asas, capazes de transportar bombas ou tanques de combustível alijáveis. Além da melhor performance geral, os dispositivos permitiram ampliar consideravelmente o arsenal transportado pelo avião, inclusive... barris de cerveja.

Os mecânicos descobriram que com algumas pequenas modificações era possível transportar um barril de cerveja sob cada asa do temido caça. Os barris receberam algumas adaptações que permitam sua fixação e, mais tarde, receberam também um pequeno cone aerodinâmico para reduzir o arrasto. Por mais absurdo que a ideia possa parecer nos dias atuais, o alto comando aprovou a iniciativa, e mais, autorizou o uso dos aviões para transporte de cerveja para as tropas na Normandia. Porém, logo perceberam que era mais fácil transportar a bebida nos tanques auxiliares de combustível, que além de serem mais aerodinâmicos, podiam transportar cada um praticamente o conteúdo de dois barris de cerveja. Era a máxima de "leve quatro pelo preço de dois".

Essa curiosa solução recebeu a designação extraoficial de Modification XXX. Embora não exista uma explicação para o nome, uma das teorias é que tenha sido em referencia ao XXX Armeekorps, o corpo de exército Nazista que atuou em diversas frentes na Europa.

O único problema da missão era não voar alto o bastante para congelar a cerveja e nem baixo demais para ser alvejado pela artilharia antiaérea. Numa altitude segura, além de evitar a ação das defesas inimigas, era possível entregar a encomenda na temperatura ideal. Provavelmente esse era o voo mais esperado por todos na Normandia e até, talvez, pelos soldados do Eixo.

Por Edmundo Ubiratan
Publicado em 01/02/2017, às 15h00 - Atualizado em 10/06/2020, às 19h54


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