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História

60 anos de fumaça no ar

A história do mais famoso grupo de demonstração aérea do Brasil contada de dentro do <i>cockpit</i>, entre <i>loopings</i>, tunôs e rasantes


Uma homenagem diferente. Sessenta anos após a criação da Esquadrilha da Fumaça, vamos contar essa história de um ângulo diferente, de dentro do cockpit, em formação e de cabeça para baixo durante boa parte do tempo, entre loopings, tunôs e rasantes. Convidamos dois veteranos para dar um pulo a Pirassununga, sede do EDA (Esquadrão de Demonstração Aérea) da Força Aérea Brasileira, e passar um dia com o atual time, com direito a um voo para lá de especial a bordo dos Tucanos. Para representar a geração T-6 e Fouga Magister, chamamos Carlos Gonzaga. Para contar a história da fase do T-25 Universal e do renascimento da Esquadrilha da Fumaça, o Celso Vilarinho.

"Eu? Claro! Sim! Hum, terça-feira? Deixe-me pensar. Já tenho compromisso. Mas tudo bem, acabo de cancelar tudo, vamos para Pirassununga!". As respostas de Gonzaga e Vilarinho, com pequenas variações, foram muito parecidas. Tinha certeza de que seria assim, era só convidar que viriam. Afinal, quem não aceitaria o convite para dar um passeio de Tucano na Esquadrilha da Fumaça?

FUMAÇA, JÁ!
O Gonzaga é daquele tipo de aviador que persegue seu ideal e aceitou de muito bom grado o convite para integrar a equipe em 1967. Ele fala empolgado sobre os anos mágicos durante os quais passou na Esquadrilha da Fumaça e da emoção de ter participado do time. Diz com uma pontinha de orgulho que o comando mais famoso da Esquadrilha da Fumaça foi sugerido por ele ao coronel Braga (leia mais na p. 48). No início, as aeronaves não tinham rádio VHF para as comunicações, e pouco antes de sua entrada é que aconteceu essa evolução tecnológica nos T-6. Mas ficou a tradição de fazer tudo visualmente, incluindo as acrobacias, cuja sequência tinha de ser decorada, e o comando de soltar fumaça. Todos acionavam a fumaça de seus aviões somente depois que o Braga ligasse a sua. E foi o Gonzaga que sugeriu ao Braga que comandasse: "Fumaça, já!". Inicialmente, o então líder foi reticente, mas logo adotou a ideia que passou a ser uma das marcas registradas do time até hoje.

A Esquadrilha da Fumaça naquela época tinha oito T-6, mas voava com cinco aviões. O sexto entrava na formação somente para a foto. Pela baixa relação de potência com relação ao peso, seria dificílimo, senão impossível, permanecer na ala externa num giro de tunô barril, por exemplo. As posições de voo eram fixas, diferente do que acontece hoje. Nas apresentações atuais, os alas podem fazer pequenas variações, especialmente quando há seis aviões voando juntos. O único que podia variar a posição era o número quatro, ou ferrolho, no looping, quando o líder esperava o "quatro" dizer que estava em posição para prosseguir com a acrobacia.

Sobre o Fouga Magister, Gonzaga é generoso: "Era uma delícia de voar, gostava muito dele". Essa opinião, porém, não era consenso entre os pilotos. O avião tinha alguns problemas que contribuíram bastante para sua rejeição. Não possuía assento ejetável e oferecia pouquíssima autonomia. Além disso, só operava em pistas preparadas, que não eram muito comuns naqueles tempos. O conjunto de manobras nas demonstrações era exatamente o mesmao que os T-6 faziam. Quando se tornaram acervo da Esquadrilha da Fumaça, os Fouga passaram a ser bastante requisitados, mas, no ano seguinte ao da primeira demonstração, a cidade pedia que o show fosse feito de T-6, usando o argumento de que o jato é muito bonito, mas o T-6 tinha mais presença e ficava o tempo todo à vista do público.

Hoje aposentado, Gonzaga, que traz em seu currículo 237 demonstrações, divide seu tempo entre a leitura de obras de física quântica e voos de acrobacia em grupo em aeronaves experimentais, voando com outros ex-militares da FAB.

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LANCEVAQUE NO BRASIL

O Vilarinho também tem uma história muito rica e fundamental no reinício da Esquadrilha da Fumaça. O chamado Cometa Branco começou em 1981 (leia mais na p. 46) e muito do seu sucesso só foi possível graças a uma descoberta do próprio Vilarinho. Certo dia em São José dos Campos, no interior de São Paulo, quando assistia a uma sequência acrobática do piloto de provas da Neiva, o Thiegue, ele identificou uma diferença muito grande de desempenho do avião que usavam na AFA. Ocorre que, sempre que pousava nos voos de instrução, os tanques recebiam combustível e o avião decolava com cerca de seis horas de autonomia para fazer um voo de uma hora. Ao abastecer para demonstração e pouso, o T-25 passou a ser um avião com boa relação entre seu peso e potência.

Pouca gente sabe, mas foi o Vilarinho quem introduziu o lancevaque no Brasil. Uma das acrobacias mais espetaculares que os Tucanos pintados na cor vermelha da Esquadrilha da Fumaça faziam foi desenvolvida por ele, pensada inicialmente para os T-25, a partir da leitura de um livro de acrobacias escrito na língua inglesa. A manobra saiu muito próximo ao que era um lancevaque original, segundo um instrutor de acrobacia que o Vilarinho conheceu em Pompano Beach, e foi usada nos voos do isolado tanto nos T-25 quanto nos T-27. Oitenta e sete demonstrações depois, Vilarinho se dedica hoje a outra paixão, o voo dos planadores.

A prosa foi tão boa quanto voltar à Academia da Força Aérea e rever antigos amigos. E o melhor: uma visita coroada com um voo no Tucano. Voei como ferrolho, o Gonzaga de número dois e o Vilarinho de número três. Aguentamos bem as séries acrobáticas e a quantidade de G, que no meu avião registrou 5,7 positivos e 2,0 negativos. Uma enormidade para quem está tanto tempo longe das acrobacias. Bom ver que a mão não está tão quadrada assim, embora tenha combinado com o major Nielson, que me acompanhou no voo, que, diante de qualquer anormalidade, passaria o comando do avião para quem sabe e está atualizado com a pilotagem. Não precisou, e saímos, os três, com o corpo cansado, a camisa suada e a alma lavada. Os sorrisos largos e os olhos brilhantes falaram por si e testemunharam a volta no tempo que cada um de nós fez. Nada como um voo acrobático, em grupo, na Esquadrilha da Fumaça para voltarmos para casa cheios de histórias para contar.

Três gerações de fumaceiros, a partir da esquerda, Carlos Gonzaga, Ruy Flemming e Celso Vilarinho

SUPER TUCANO?
Despedidas feitas e a promessa do reencontro nos dias 12 e 13 de maio, quando serão comemorados na AFA, em Pirassununga, os 60 anos desde que jovens aviadores lançaram uma semente em solo muito fértil. Para o público, a festa será inesquecível, com presença de atrações internacionais, além de diversos aviadores civis com suas máquinas. Para os fumaceiros de todas as gerações, basta estar lá e rever velhos camaradas. O tenente-coronel Esteves e toda a sua equipe estão se desdobrando para recepcionar bem a todos. Ele fala da emoção e do desafio de ser o comandante do EDA nas comemorações dos 60 anos. Ressalta a importância das equipes que estiveram antes dele usando o emblema da Esquadrilha da Fumaça, o que garante a continuidade dos trabalhos para as gerações futuras.

Depois de tudo, já de volta a São Paulo, uma novidade. O bom e velho Tucano pode estar com seu reinado chegando ao fim na Esquadrilha da Fumaça. E parece não haver dúvidas, embora ainda não haja confirmação oficial, de que o A-29 Super Tucano será seu sucessor natural. Avião brasileiro, projetado e produzido no país, dentro do portfólio da Embraer entre as opções disponíveis para o mercado. Sou completamente apaixonado pelo T-27 Tucano, especialmente por toda a sorte de emoções que ele me proporcionou nos quatro anos em que voei na Esquadrilha da Fumaça, mas gostaria demais de ver o A-29 pintado nas cores da nossa bandeira arrancando suspiros do povo lá embaixo. E assim, a lei da vida segue, abrindo espaços para as gerações futuras, apontando para novas possibilidades. Que venha o A-29 Super Tucano para continuar a contar a história desse grupo especial de aviadores!

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AS ORIGENS
PRIMEIRO NASCE A ESQUADRILHA. DEPOIS SURGE A IDEIA DE RABISCAR O CÉU COM FUMAÇA

O local é o Campo dos Afonsos, zona norte da cidade do Rio de Janeiro, capital do país. Início da década de 1950. O mundo ainda se recupera da Segunda Guerra Mundial. Com o fim do conflito, a indústria aeronáutica busca nova destinação para seus produtos e a aviação recebe um providencial impulso. No Brasil, com a investida internacional, a receptividade do mercado e o combustível barato, o espaço aéreo é tomado por um grande número de aeronaves, tanto civis quanto militares.

Em clima de euforia, um grupo de jovens instrutores de voo mal se contém. E suas escapadas para Nova Iguaçu, Barra da Tijuca e Jacarepaguá, aos poucos, deixam de ser secretas. Motivados pela paixão do voo, pela busca da emoção e pela determinação de fazer algo próximo da perfeição, suas técnicas evoluem gradativamente. Eles aproveitam o intervalo de almoço ou o final do expediente para treinar acrobacias. No começo, com dois aviões. Depois, com três. E, finalmente, quatro.

A iniciativa logo chega aos ouvidos do chefe da Instrução, o tenente-coronel Délio Jardim de Mattos, que segue imediatamente para Jacarepaguá com o objetivo de conferir o que estava acontecendo. Assiste à apresentação e gosta do que vê! Aficionado por acrobacia aérea, ele não só apoia os pilotos, como transmite ao Comandante da Escola de Aeronáutica o que viu. O entusiasmo, antes restrito aos instrutores envolvidos, espalha-se dentro da Escola de Aeronáutica e o resultado é que no dia 14 de maio de 1952, em uma cerimônia cívico-militar, quatro NA T-6 Texan liderados pelo tenente Domenech mergulham para a primeira sequência de acrobacias daquela que se tornará a Esquadrilha da Fumaça.

Loopings, tunôs e rasantes encantam o público. Ensandecidos pela ótima repercussão da apresentação, os jovens instrutores certamente custarão a pegar no sono à noite. Mas nem em sonho imaginam que aquela demonstração ficará para a história como a mais importante do grupo, simplesmente por ser a inaugural. No registro desse primeiro time, além de Domenech, estão os tenentes Fraga, Martins, Cezar Rosa e Colomer. E os T-6 são os da instrução aérea, sem fumaça, sem pintura específica e sem emblema. É o nascimento de um dos maiores grupos de demonstração aérea do mundo.

ÓLEO NO ESCAPAMENTO
Em 1953, depois que Domenech regressa de uma viagem aos Estados Unidos e vê lá um grupo de aviões voando com fumaça, tem a ideia de fazer o mesmo aqui. Compra um barril de óleo de limpeza de motor e encomenda aos mecânicos um sistema que asperge óleo no escapamento aquecido do motor radial do T-6. O resultado é fabuloso (o princípio continua o mesmo até hoje em dia). Com o dispositivo, as manobras podem ser mais bem-visualizadas pelo público, como se fossem rabiscos no céu. Público, aliás, que batiza o grupo de Esquadrilha da Fumaça.

No ano seguinte, em 1954, o grupo começa a expandir sua área de atuação para além dos limites da Força Aérea e o time faz a primeira demonstração pública, na cidade de Mogi Mirim, no interior de São Paulo. Em 1955, chegam os primeiros aviões pintados nas cores da Esquadrilha da Fumaça, seguindo um padrão sugerido por Colomer. Neles está estampado o emblema do time, desenhado por Portugal Motta.

Com o passar do tempo, a Esquadrilha da Fumaça ganha experiência, fama e reconhecimento por onde passa. As fotos dos aviões são estampadas como manchetes em jornais e revistas, e os registros das matérias descrevem os aviadores e suas manobras com palavras generosas, como técnica, arrojo, superação, impetuosidade, coragem, perfeição e outras com mesmo sentido. Seus integrantes recebem constantes convites para participar de programas de rádio e televisão, o que leva à criação, em 7 de fevereiro de 1963, da Unidade Oficial de Demonstrações Acrobáticas da Força Aérea Brasileira. Nessa data, a Esquadrilha da Fumaça passa a existir oficialmente e a representar a Força Aérea Brasileira nos eventos dos quais participa.

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O "CHEFE"
A consolidação do trabalho da Esquadrilha vem com Antônio Arthur Braga (sem dúvida o mais importante nome de todos os tempos). Ele atua por 17 anos, 11 dos quais na função de comandante e líder. Entre os pilotos é tratado simplesmente por "Chefe" (cada fumaceiro que passa pela Esquadrilha da Fumaça, seja ele mecânico, administrativo ou piloto, deixa algumas linhas escritas na história do grupo, mas dificilmente alguém terá seu nome confundido com o de "piloto da Esquadrilha da Fumaça"). Assim, o "coronel Braga" se torna uma lenda e, com o tempo, passa a ser reconhecido como o piloto mais voado em T-6 no mundo.

Sistema que asperge óleo no escapamento aquecido do motor radial do T-6 permite que os aviões risquem o céu com fumaça. Abaixo, o "coronel Braga", reconhecido como o piloto mais voado em T-6 no mundo

Carismático, envolvente, apaixonado por seu trabalho e um líder nato, Braga faz a Esquadrilha da Fumaça viver anos de glória, expandindo suas asas para grande parte do território nacional e visitando diversos países da América Latina (por mais que os atuais times voando o Tucano façam um excelente trabalho tanto de voo como de divulgação, é na geração T-6, especialmente com o Braga à frente, que a Esquadrilha da Fumaça vive seu auge). E é na "geração Braga" que o grupo voa não um modelo de avião, mas dois, quando os jatos T-24 Fouga Magister são comprados da França e trazidos ao Brasil exclusivamente para voar na Esquadrilha da Fumaça. Eles permanecem no país de 1969 a 1974.

Em 1976, 1.272 demonstrações depois da primeira cambalhota, o velho T-6 já não pode prosseguir representando a Força Aérea, por problemas de suprimento e alto custo de manutenção. E o inconfundível ronco do T-6 é silenciado nas cores que o fizeram famoso. O clássico teria de ceder seu lugar de honra para uma nova geração, mas os aviões disponíveis no Brasil não atendem à necessidade do time e a Esquadrilha da Fumaça tem suas atividades "suspensas temporariamente".

NOVA GERAÇÃO
As contingências do destino podem interromper uma trajetória, mas jamais enterram um ideal. É o que acontece com uma geração de jovens que se maravilhou assistindo às apresentações da Esquadrilha da Fumaça. Vários deles acabam se envolvendo de uma forma ou de outra com a aviação, e alguns se tornam pilotos da Força Aérea. Inevitavelmente, surge dentro da FAB um grupo que simplesmente não se conforma em olhar para cima e ver uma enorme lacuna no céu. Para eles, falta algo que possa tornar a vida de um aviador mais emocionante.

Há uma iniciativa em Natal, no Rio Grande do Norte, com a criação da Esquadrilha Alouette, formada por jatos AT-26 Xavante, que fazem acrobacias transformando combustível em barulho intenso, soltando fumaça e arrancando suspiros do público. Mas a ideia da Alouette, infelizmente, não tem continuidade (em compensação, vários de seus pilotos mais tarde vieram a fazer parte da Esquadrilha da Fumaça na geração do Tucano). Os astros, porém, finalmente começam a se alinhar quando, no início da década de 1980, o major Geraldo Ribeiro Júnior transfere-se para a AFA (Academia da Força Aérea), em Pirassununga (SP), novo nome e novo endereço da antiga Escola de Aeronáutica, que antes ficava no Campo dos Afonsos, na cidade do Rio de Janeiro.

"COSTUMAMOS USAR INDISCRIMINADAMENTE AS PALAVRAS AVIADOR E PILOTO PARA NOS REFERIR À PESSOA QUE CONDUZ UMA AERONAVE. SEMPRE ACHEI QUE HAVIA UMA DIFERENÇA SUTIL, MAS TREMENDAMENTE IMPORTANTE ENTRE ELAS. A HISTÓRIA DA ESQUADRILHA DA FUMAÇA REFERE-SE À SAGA DE UM GRUPO MUITO ESPECIAL DE AVIADORES"
RUY FLEMMING

Ribeiro Júnior é o principal articulador e responsável por unir competências em torno da possibilidade de fazer a Esquadrilha da Fumaça renascer (seu filho, Alexandre, sabe bem disso, e graças ao trabalho que seu pai fez há alguns anos é que ele pode hoje vivenciar as emoções de voar na Esquadrilha da Fumaça). O velho fumaceiro sabe que nada melhor do que voltar às bases para fazer germinar uma semente que estava plantada no DNA de vários aviadores. Ele traz consigo a experiência e a competência de ter voado o T-6 Texan e T-24 Fouga Magister na Esquadrilha da Fumaça e não tem dificuldade para selecionar alguns pilotos para voar nos horários do almoço e no final de expediente, exatamente como acontecia em 1952. O nome que escolhem é Cometa Branco e a aeronave é a usada na instrução avançada da AFA, o T-25 Neiva Universal.

A primeira demonstração acontece em julho de 1980 na solenidade de entrega de espadins dos cadetes que entraram para a AFA. Os T-25 não recebem pintura com cores especiais, mas chegam a ter dispositivos de fumaça instalados. E o grupo está finalmente pronto no mesmo momento em que Ozires Silva, presidente da Embraer, está desenvolvendo um avião para substituir o já aposentado jato T-37 na instrução avançada dos cadetes. O avião é o EMB312 Tucano, que na Força Aérea recebe o designativo de T-27. Reunidos o grupo e o avião, falta um empurrão que vem novamente de Délio Jardim de Mattos, agora Brigadeiro e Ministro da Aeronáutica. Ele vê a oportunidade de usar os Tucanos na Esquadrilha da Fumaça e dar visibilidade internacional à Embraer e aos seus produtos. Assim, em 21 de outubro de 1982, é criado o Esquadrão de Demonstração Aérea. A primeira demonstração acontece em 8 de dezembro de 1983, na promoção a aspirante-a-oficial dos cadetes. Desde então, eles nunca mais pararam.

O T-25 Neiva Universal (acima) e os T-24 Fouga Magister: transição entre os T-6 e os atuais T-27

Ruy Flemming | Fotos Ricardo Beccari
Publicado em 25/04/2012, às 05h43 - Atualizado em 27/07/2013, às 18h45


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